Não é a primeira vez que um grupo de comédia estréia no Cinema após fazer sucesso em outra mídia. O célebre grupo britânico Monty Python, por exemplo, é responsável por alguns dos maiores clássicos da Comédia, Contratomas antes de emplacar nas telonas, marcou época na Televisão britânica, influenciando comediantes de todo o mundo e marcando diversas gerações até hoje. No Brasil isso também não é novidade. O Casseta & Planeta também seguiu o rumo da trupe de John Cleese. Entretanto, apesar do sucesso na televisão (e que nunca chegou aos pés do Monty Python, vale ressaltar), não foi capaz de repetir o êxito nos cinemas, resultando na produção de apenas dois (desastrosos) longas-metragens.

Escrito por Fábio Porchat e Gabriel Esteves, o filme se inicia mostrando os protagonistas Rodrigo (Porchat) e Miguel (Gregório Duvivier) prestes a serem premiados no Festival de Cannes. Entretanto, toda a euforia é substituída pelo desespero depois que Miguel, logo após entrar num banheiro, acaba desaparecendo misteriosamente, retornando de forma inexplicável somente dez anos depois, acreditando ter sido abduzido e escravizado por alienígenas. Apesar da história inacreditável, Miguel consegue convencer Rodrigo a produzir um filme baseado em sua “experiência”. E é aí que as coisas começam a se complicar.

Dirigido com competência por Ian SBF (que já havia se saído bem em seu longa de estréia, Entre Abelhas), Contrato Vitalício não só consegue se distanciar do padrão pedestre das comédias da Globo Filmes, como ainda se orgulha disso, se dando ao luxo de fazer uma provocação usando Se Eu Fosse Você. Mas a Globo Filmes não sofre sozinha, pois sobra até para a Record, numa piada rápida envolvendo um dos personagens do filme.

Contrato

Contando com um elenco coeso, a produção se beneficia imensamente do talento e o carisma de seus protagonistas, que conferem personalidade e até mesmo certa profundidade, o que representa uma grata surpresa. Mas além de Porchat e Duvivier, os outros integrantes do Porta dos Fundos também não fazem feio, com destaque para Marcos Veras (cujo personagem é uma acertada crítica aos tabloides sensacionalistas) e Júlia Rabello, que possui boas cenas na pele de uma preparadora de elenco.

Porém, apesar de toda a qualidade do elenco, o filme não consegue se manter em alto nível até o fim, apelando para uma rápida piada escatológica e forçando a barra em alguns momentos. Outras gags simplesmente não funcionam. Mas, justiça seja feita, a produção merece aplausos por não incluir nenhuma piada sexista ou de cunho sexual (não há nudez, também), o que certamente representa um diferencial.

Encontrando espaço também para tirar sarro das celebridades da internet, Contrato Vitalício representa um promissor primeiro passo para o Porta dos Fundos, que tem tudo para elevar o nível do humor no Cinema brasileiro.

E se não chega a ser memorável, ao menos supera qualquer outra “comédia” realizada (ou cometida?) pelo estúdio dos Marinho.

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Crítico de Cinema e Carioca. Apaixonado pela Sétima Arte, mas também aprecia uma boa música, faz maratona de séries, devora livros, e acompanha futebol. Meryl Streep e Arroz são paixões à parte...

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