Olá a todos! Acho que, antes de tudo, preciso apresentar a mim e a minha proposta: Sou Natália Ranhel, criei o Blog Crítica Em Cena em 2009 e escrevo sobre filmes desde então. Minha ideia aqui é colocar para brigar filmes que tenham elementos em comum. Resolvi começar com um grande indicado e ganhador do Oscar, Todos Os Homens do Presidente (que daqui em diante chamarei de THDP), e até o momento o meu favorito ao Oscar de Melhor Filme desse ano, Spotlight. Vamos lá.

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[tie_slide] Trailer Todos Os Homens do Presidente

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[tie_slide] Trailer Spotlight – Segredos Revelados

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1º Round – Roteiro

Tanto THDP quanto Spotlight são baseados em fatos verídicos contra grandes instituições investigados por jornais. Um investigou o Watergate, outro os casos de padres pedófilos.

Spotlight mexeu muito comigo pois, dos casos nacionais contados no final, eu conhecia um dos padres; e era um dos poucos dos quais eu gostava das missas e sermões por ter uma postura mais “moderna”. Então tentarei deixar esse ponto de lado. A trama mantém uma constante, não há plot twist, clímax, anticlímax, nem final feliz. O filme é realista em todos os seus posicionamentos, do começo ao fim. Outro ponto é que a história não glamouriza o trabalho do jornalista, mostrando os pontos difíceis de se trabalhar em uma redação.

Já THDP trabalha com um roteiro mais romantizado, não dá pra saber se alguns pontos da história aconteceram daquela forma mesmo ou foram aumentados. Mas, exatamente por isso, a trama tem um fluxo melhor. A investigação leva o telespectador a ficar curioso, cria um mistério, um clímax e tem um final que fecha bem o enredo.

Porém, ele cria aquele status em ser jornalista, mostrando pessoas super ocupadas, cheias de contatos e com uma certa batalha de egos.

Houve só uma abordagem, nos dois filmes, que me incomodou, mesmo sendo necessária: a apresentação dos personagens. São muitos, então eles vão sendo apresentados conforme surgem, não há uma prévia introdução para ligarmos nomes com rostos. Além disso, há alguns que só conhecemos por nome durante toda a trama. Nos dois filmes (que assisti duas vezes cada) terminei sem ter completa certeza se sabia realmente quem era quem.
Empate.

THDP 1 x 1 Spotlight

2º Round – Trilha Sonora

Nenhum deles se destaca nesse critério. Spotlight tem uma música em específico que me agradou muito, mas fiquei com a sensação que já a conheço de outro lugar, por isso perdeu crédito.

Fiquei com a impressão que ambos preferiram trabalhar mais com o silêncio, que é uma arma poderosa; THDP usa muito o som das máquinas de escrever também, mas não sei de posso usar esse ponto como trilha sonora.
Nessa, nenhum leva.

THDP 1 x 1 Spotlight

3º Round – Fotografia / Direção de Arte

THDP teve os devidos cuidados ao trabalhar essas áreas de modo que valorizassem cada momento da trama. Panorâmicas ou closes encaixados em seus devidos lugares, muitas cenas escuras conforme a investigação ia se desenrolando, que se casam perfeitamente com imagens documentais da época. Há cenas realmente bonitas, que me deixaram com vontade de pausar para ficar olhando.

Biblioteca de Washington , cena de THDP
Biblioteca de Washington , cena de THDP

Spotlight trabalha de forma completamente diferente. Não se destaca pela iluminação ou enquadramento, mas fez a escolha perfeita para seu estilo. Levaram o filme para uma linha mais documental: luz clara e dura, mais quadros abertos ou personagens em ângulos compatíveis aos de entrevistas.

Aí que vem o problema. Os dois foram bem no que propuseram, mas não acho que dê para comparar. Por isso considero um empate.

THDP 2 x 2 Spotlight

4º Round – Elenco

Spotlight De um lado temos Michael Keaton que levantou do esquecimento com Birdman, e vem conseguindo superar a lembrança daquele Batman duvidoso, junto a um Mark Ruffalo fazendo um jornalista introspectivo ( Será que era essa a intenção? Porque as mãos nos bolsos o tempo todo e a postura curvada me incomodaram bastante). Todo o resto do elenco mantém um bom nível mas não diria que se destaca a ponto de merecer uma nota.

TodosOsHomensdoPresidenteDo outro temos Robert Redford e Dustin Hoffman em suas melhores formas, ambos dão show em suas atuações solo e mais ainda quando interagem entre si e com o resto da equipe. É crível que sejam uma verdadeira redação de jornal, todos falam ao mesmo e os diálogos são construídos com um fluxo de um bate-papo, sem espaço entre as falas.

THDP 3 x 2 Spotlight

Entre os dois, Todos os Homens do Presidente, acaba sendo mais completo tanto do ponto de vista de obra-prima quanto de entretenimento, mas cheguei a esse resultado com um aperto no coração.

Afinal, ficam algumas questões: qual tema foi mais sério e precisa ter tudo em todas as categorias para ser considerado excelente?

Qual a opinião de vocês, concordam com o resultado? Alguma sugestão para o próximo?

Author

Fotógrafa, publicitária, traça de livros e apaixonada por cinema.

2 Comments

  1. Não assisti ainda ao filme Spotlight, mas assisti (no cinema) a THDP, e que é um dos meus prediletos até mesmo porque sou cronista, fotógrafo e jornalista.
    Entender porque a Academia premiou Spotlight tem a ver com a leitura que eventualmente Hollywood faz da América e de si própria.
    Não sou de apostar, mas apostaria que no ano que vem vai pipocar uma série filmes sobre racismo, sobre o paradoxo da diversidade racial e sobre como Hollywood é refém de seus preconceitos e transtornos de comportamento.
    Spotlight é uma luz no fim do túnel e trata de um assunto que incomoda a muitos: pedofilia, necrofilia e nazismo. Temas que geram bons filmes. No ano em que atiradores se divertiram a valer invadindo universidades e promovendo genocídio, Hollywood estava lá e produziu muita coisa. Da mesma forma, a Guerra no Vietnam, premiou Corações e Mentes; e da mesma forma a chacina de índios gerou pérolas como Pequeno Grande Homem e que, praticamente, lançou Dustin Hoffmann, em 1969, e consolidou a carreira de Kevin Costner em 1990. Enfim: índios, nazismo, pedofilia e diversidade racial sempre oferecem bons filmes. Spielberg que o diga. Tão genial como incompreendido com a obra-prima A Cor Púrpura, de 1985. Indicado a 10 Oscar não levou nada…

  2. Ótimo comentário, Washington e A cor Púrpura não ter levado nenhum Oscar é algo que não conformo!
    Você teria alguma indicação de filmes para serem colocados em batalha da próxima vez? =)