amizade desfeita cartazHá algum tempo atrás quando a estética cinematográfica de “filmagens encontradas” (ou found footage no original) foi trazida de volta à moda, o gênero horror vem sofrendo com a falta de criatividade de seus realizadores.  E é com certo alívio que somos apresentados a esse Amizade Desfeita, primeiro filme em língua inglesa do diretor georgiano Levan Gabriadze e que nos traz uma estrutura curiosa.

Rodado como se alguém tivesse plugado o notebook da protagonista à tela, toda a projeção se concentra em mostrar os personagens através de webcams, sempre do ponto de vista de Blaire (ou melhor, de seu computador).

E isso permite a Gabriadze explorar recursos inusitados e particularmente inspirados. O diretor se sai bem, por exemplo, ao transmitir os sentimentos da protagonista apenas ao focar suas mensagens textuais: sabemos que Blaire está nervosa quando o cineasta decide mostrar seus erros de digitação, ou como no sutil instante em que a jovem protagonista hesita em enviar determinada mensagem.

amizade desfeita cena

Mas apesar de toda a habilidade do diretor, é fácil constatar que o filme não conta com um roteiro dos mais inspirados: repleto de clichês e convenções, a trama (rasa e tola) só consegue manter o interesse do espectador mesmo graças à forma como é apresentada. A motivação por trás de tudo o que ocorre é uma frustração à parte, ainda que possa ser retrato de uma juventude cada vez mais preocupada com a reputação.

Reservando alguns sustos pontuais e outros raríssimos momentos de tensão, o filme também apresenta a sua parcela de mortes violentas (o que deve agradar aos fãs do gênero), embora também não consiga impressionar. Com isso, Amizade Desfeita se revela um esforço válido de um criativo cineasta que merece créditos justamente por tentar dar um frescor a um subgênero que vem sofrendo há tempos. E se o resultado não é memorável, pelo menos deve prender a atenção de quem assiste.

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Crítico de Cinema e Carioca. Apaixonado pela Sétima Arte, mas também aprecia uma boa música, faz maratona de séries, devora livros, e acompanha futebol. Meryl Streep e Arroz são paixões à parte...

2 Comments

  1. Olá amigo Emerson (e pessoal)! Sou eu, Gabi, do periscope. Adorei a crítica (não sei se foi você ou outro colaborador do site quem fez) e concordo plenamente. Assisti ao filme há uma semana e também não fiquei impressionada com a história. Sou fã de filmes de terror. Hehehe! Agora com licença que vou procurar o podcast!

  2. Oi Gabi… É o Emerson, que escreve aqui (sou editor chefe do site), e quem fez esta crítica foi o Guilherme Khandido. Espero que tenha gostado do site e veja que tem muitas outras coisas por aqui.
    Quem sabe você não nos brinda com uma crítica de algum filme de terror com um post de convidado (hein? hein?) rs