Em 1995, o estúdio inglês Aardman Animations selou contrato com a Dreamworks para que esta pudesse distribuir seus projetos, até então limitados a curtas-metragens. Cinco anos depois, o sucesso de A Fuga das Galinhas abriu portas para a animação feita em stop motion (ou seja, que fotografa quadro a quadro). O filme era, de todas as formas possíveis, um verdadeiro espetáculo.

Anos mais tarde, uma bilheteria similar rendeu mais prestígio ao estúdio – Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais, que transportou os grandes personagens criado pela própria Aardman para o cinema, arrebatando, inclusive, um Oscar de Animação.

O negócio era, praticamente, certeiro. Embora a realização em stop motion – pelo menos a bem feita – exija muito tempo para ser finalizada, além de um trabalho minucioso, o lucro parecia suficiente para que uma produtora do porte da Dreamworks mantivesse o interesse nas produções.

Mas a bilheteria não tão bem sucedida do próximo longa levou o contrato, literalmente, Por Água Abaixo. O que fez com que a Sony entrasse como nova societária e distribuísse, como primeira parceria, Piratas Pirados! (The Pirates! Band of Misfits, 2012).

Este também é o retorno do diretor de A Fuga das Galinhas, Peter Lord, depois de 12 anos ao posto, que mostra que o inglês não perdeu a habilidade de contar uma boa história, com agilidade e eficiência, utilizando recursos que sejam atraentes tanto aos adultos quanto às crianças.

A história gira em torno do Capitão Pirata (voz de Hugh Grant na versão original), que quer provar que não é um fracassado, e sim um grande pirata. Para isso, pretende acumular a maior quantidade de riquezas possíveis e ser nomeado “Pirata do Ano”. Mas, embora tente de todas as formas atracar navios, o que falta a ele é sorte: invade navegações fantasmas, povoadas por leprosos e até mesmo excursões escolares.

Numa dessas invasões, depara-se com um cientista: ninguém menos que Charles Darwin. Lá, no navio, não há nenhuma riqueza – nada além de enciclopédias e animais sendo estudados. Mas Charles diz ao Capitão que seu papagaio é na verdade um Dodô, e que ele renderia muita fama e dinheiro, pois é uma ave raríssima. Todos partem, então, em direção a uma convenção de ciências em Londres – onde a Rainha Victoria odeia piratas.

Piratas Pirados! é só acertos: é curto, recheado de piadas e citações (inclusive a Jane Austen, numa sequência irresistível), tem ritmo e muita aventura marítima. A técnica, por si só, continua sendo o grande triunfo. É tudo minimamente bem acabado, rico em detalhes e passado em cenários reconstituídos da melhor maneira. O roteirista Gideon Defoe – que escreveu o livro que deu origem ao filme – também é implacável com seus personagens, estes desenhados com característica marcantes e sagazes.

Era de se esperar, desse modo, que a animação velejasse numa maré para lá de favorável. Ao contrário dos primeiros longas da Aardman, porém, Piratas anda passando longe da boa bilheteria. Tremenda injustiça, mas também um indício de que – em tempos radicais – qualidade nem sempre é sinônimo de sucesso.

Classificação: BOM

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Piratas Pirados! (The Pirates! Band of Misfits)

Sinopse: O barbudo Capitão Pirata e sua tripulação de maltrapilhos tentam derrotar os seus amargos rivais, Black Bellamy e Cutlass Liz no cobiçado prêmio “Pirata do Ano”. É uma busca que os leva das margens da exótica Blood Island para as ruas cheias de neblina da Londres Vitoriana. Ao longo do caminho, eles lutam com a Rainha Victoria e com a equipe do jovem Charles Darwin.
Direção: Peter Lord
Elenco: Vozes de: Hugh Grant, Martin Freeman, David Tennant, Imelda Staunton, Jeremy Piven, Salma Hayek, Brian Blessed, Brendan Gleeson, Ashley Jensen.
Gênero: Animação
Duração: 89 min.
Distribuidora: Sony Pictures
 
* Curto e Grosso é a sessão da Central 42 dos reviews de filmes e séries, apresentados de uma maneira rápida, direta e sem muito blá blá blá.
 
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