Se você tem vinte e tantos anos, talvez nem entenda porque existe um lobby tão grande em cima dos filmes de 007, pois os trabalhos vistos por essa geração (na qual me enquadro), protagonizados por Pierce Brosnan, não justificam um bafafá tão grande, sem saber que a série viveu dias de glória quando estrelada por Sean Connery e Roger Moore.

Vimos o surgimento e a estabilização da franquia Bourne tomando conta do mercado de filmes de ação com cérebro, ao mesmo tempo em que a franquia de James Bond entrou em total declínio, culminando com o fraquíssimo 007 – Um Novo Dia Para Morrer (2002).

Quatro anos se passam, e um novo James Bond surge, desta vez interpretado pela estrela em ascensão, Daniel Craig. O revigorante 007 – Cassino Royale (2006) trouxe um protagonista, digamos mais machão, com cara de homem, menos charmoso e sofisticado (embora isso ainda esteja presente, claro), e trazendo uma nova cara e maneira de vermos o personagem. Isso fez com que a série voltasse a fazer um grande sucesso, criando uma nova esperança nos fãs mais antigos, e dando motivos para que a nova geração tivesse James Bond como o nome mais forte para filmes de espionagem.

Anos depois surge 007 – Quantum Of Solace (2008), um filme, de certa maneira, decepcionante, que não conseguiu manter o alto padrão obtido pelo seu filme anterior, e fez com que as dúvidas sobre o futuro da série voltasse às nossas cabeças.

E o que se podia esperar do novo filme da série – “007 – Operação Skyfall”? Uma continuação do sucesso de Cassino Royale ou uma queda ainda mais acentuada do que foi a do filme antecessor?

Nem uma coisa nem outra.

Após alguns arquivos importantes serem roubados do computador de M (Judi Dench), a MI6 é atacada, pelo que parece ser um ato terrorista, e descobre-se que dentre os arquivos roubados está uma lista de todos os agentes infiltrados da agência em vários pontos do mundo. James Bond (Daniel Craig), mesmo debilitado devido a uma missão que lhe deixou sequelas, é encarregado para interceptar o autor dessa ameaça. Depois de uma investigação, ele descobre que quem está por trás de tudo é Silva (Javier Bardem), um ex-agente da MI6, que jurou vingança contra M depois de julgar que foi traído por ela. Ainda por cima, a credibilidade da agência está colocada em jogo pelo governo, sempre questionada por Gareth Mallory (Ralph Fiennes).

O filme começa com uma longa e ótima sequência de ação. Ágil, grandiosa, criativa, de tirar o fôlego, estabelecendo uma relação imediata com o público, querendo mostrar que veremos mais daquilo com o passar do tempo, o que não acaba se concretizando.

Mas não há como falar das qualidades deste filme sem citar o sempre excepcional Javier Bardem. Com uma construção ousada, criativa, e como de praxe se falando do ator, com uma verdade inquestionável, ele nos brinda com um trabalho de quem sabe o que faz, trazendo uma feminilidade que na mão de muitos atores soaria caricata, mas que com ele se torna completamente verossímil. Ele demonstra ter o domínio total da cena, fazendo com que não vejamos outra coisa senão ele. E, claro, é responsável pela melhor cena do filme, que é a que ele se apresenta para Bond, e ambos têm um diálogo, digamos, revelador.

Porém, mesmo apresentando estas qualidades, a película se perde completamente em seu final, a partir do momento em que os personagens tentam fugir e vão para a casa de infância de Bond. Primeiro que o filme é longo demais, e isso fica ainda mais evidente no seu final, que devido, primeiro a sua concepção como um todo, e depois ao seu desenvolvimento, faz com que ele soe completamente desnecessário, mostrando-se entediante, interminável e muito previsível.

Um filme dessa qualidade merecia um final mais digno, pois o que vemos ali é ele se render a um esquematismo de filme de ação antiquado e gasto, terminando em uma sequência digna de trabalhos ruins de Van Damme e Stallone dos anos 80 e 90.

Bardem, nós e a série merecíamos um desfecho melhor.

Classificação: BOM

 [youtube http://www.youtube.com/watch?v=6kw1UVovByw]

 

007 – Operação Skyfall (Skyfall)

Sinopse: O passado de M volta a assombrá-la, o que testa a lealdade de Bond. Com a ameaça de um ataque a MI6, o agente deve destruir a ameaça a qualquer custo. 
Direção: Sam Mendes
Elenco: Daniel Craig, Ralph Fiennes, Javier Bardem, Bérénice Marlohe, Naomie Harris, Judi Dench, Helen McCrory, Ben Whishaw, Tonia Sotiropoulou.
Gênero: Ação
Duração: 143 min.
Distribuidora: Sony Pictures
 

* Curto e Grosso é a seção da Central 42 dos reviews de filmes e séries, apresentados de uma maneira rápida, direta e sem muito blá blá blá.

 

4 Comments

  1. Péssima é a sua visão e critica sobre filmes de ação e não os filmes com Brosman ou o final desse… E Barden apesar de excelente ator pesou a mão no caricaturismo exatamente o que vc não enxergou

  2. assinado em baixo os filmes com o daniel craig são todos o início da carreira do bond, que recém promovido ao patamar de comandante, e sob as ordens de M (imagino que de major, não sei com certeza alguma) vai evoluir de ser impulsivo e arrogante , ao calculista e controlado espião que já representado por sean connery no primeiro filme lançado da serie de ian flemming. Acontece que quando se levanta tais fatos se justifica o desfecho de skyfall, para uma era refinada da carreira de bond para se chegar ao declínio que foi sua época representado por pierce brosnan, onde o mulherengo já cansado da politica não se preocupa em ser tão polido…. fato é que se deve analisar esse contexto para criticar, não que o filme foi uma obra de arte imprevisível e totalmente nova, mas um fechamento totalmente satisfatório para os filmes mais recente e super produzidos. Talvez fosse melhor construir um pouco mais a sua opinião antes de se comprometer postanto uma critica tao pesada, foi mal se fui inconveniente mas é a minha opinião.

  3. filme do 007 tem um fator extra que foge um pouco das análises convencionais: é um filme do 007, e pra quem é fan apenas por isso já é ótimo, o resto são detalhes