Refilmagem da obra da Disney de 1977, Meu Amigo, O Dragão conta a história de Pete que, após sofrer um acidente de carro com os pais, Meu amigo Dragãopassa a viver em uma floresta ao lado de seu novo amigo Elliot, um dragão que vive na mata.

O original de 1977 se trata de um musical, o garoto foge de pais adotivos abusivos e a história se passa em uma vila de pescadores. Já essa versão de 2016 é uma live-action, é retratada em uma vila de madeireiros e os pais do garoto tem um final mais trágico.

Mesmo para quem cresceu, assim como eu, acostumado a ver os personagens da Disney já começarem o filme sem um dos pais (ou os dois) ou perdê-los ao longo da história, a sequência inicial não é fácil de digerir.

Agora imagine como será para a criançada de hoje em dia acostumada com as comédias da Pixar. Estamos falando não apenas da morte dos pais, mas de uma cena impactante em vários sentidos, que prefiro não detalhar para não dar spoiler.

Inclusive o filme traz sensações ambíguas, claramente é um filme infantil, mas eu não deixaria como classificação livre.

Como já citei a cena do acidente é muito forte e a sequência em que o dragão é descoberto também não é fácil. Durante alguns momentos da exibição, majoritariamente composta por adultos, ouvi respirações chorosas.

Ao final da cabine conversei com uma das poucas crianças presentes – que vi chorando durante boa parte do filme – ao perguntar se havia gostado, ela acenou com a cabeça que sim e a mãe complementou afirmando que ela tinha adorado e chorado metade do filme, mas que achava que deveria ser classificado para acima de 14 anos. Não acho que tanto, mas daria uma classificação de 10 anos.

Meu amigo, o Dragão

Explicação: a história é arrastada e não anda muito até quase metade do filme, depois ganha dinamismo, mas aí já se perdeu a possibilidade de prender a atenção dos pequenos.

Além disso a paleta de cores do filme é muito sóbria e escura, o que acredito que não vá agradar a eles também. Junte esses fatores a uma aventura que pesa a mão no drama e talvez tenhamos muitos pais comprando sorvete na saída para seus filhos para tentar compensar.

Inclusive, essas cores escuras não funcionam nada bem na versão 3D.

Também há algumas cenas de ação – como o dragão girando no ar e a câmera acompanhando – que pode não agradar ao estômago de alguns telespectadores.

Veja bem, o filme não é ruim. Oakes Fegley está ótimo como um garoto que se desabituou a morar em sociedade, Bryce Dallas Howard foi a escolha perfeita para uma guarda florestal cheia de ideais, Karl Urban faz um semi-vilão na medida certa e Robert Redford dá o toque clássico necessário.

Essas atuações são valorizadas por uma fotografia e direção de arte muito bem elaboradas, mas talvez mais artísticas do que um público infantil exige. Por outro lado, o roteiro traz uma mensagem quase subliminar de cuidado com a fauna e a flora muito bacana.

Pelo que percebi da garotinha que citei: é um filme para crianças, mas não é fácil, talvez será pesado para algumas delas, porém não por isso deixarão de gostar.

Está mais para um drama infantil do que uma aventura infantil. Vale o risco, mesmo que a primeira metade seja entediante e a outra metade faça desidratar de tanto chorar.

Author

Fotógrafa, publicitária, traça de livros e apaixonada por cinema.

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