Em Meu Rei, após machucar gravemente o joelho esquiando, Tony se muda para uma clínica para fazer umMeu Rei longo tratamento. Durante esse período o que mais dói não é o ferimento, mas sim as lembranças de seu relacionamento conturbado com Georgio.

Praticamente implorei por essa cabine porque fiquei muito curiosa nas duas vezes em que vi o trailer, onde há vários flashs da vida de um casal, apenas uma única fala e uma música de arrepiar. Sim, não dava para ter uma ideia concreta do que se tratava a história, mas a música “Easy” do músico Son Lux me instigou, e muito.

Confesso que fui assistir com um pé atrás, muito medo de ter feito uma má escolha apenas pelas reações sensoriais que tive com o trailer. Que bom que o filme foi tão empolgante quanto.

Não é um filme fácil. Vejo uma tendência no cinema francês – de modo geral – de se utilizar de diálogos pesados e bastante sexo, essa produção não foge disso, mas não se trata de um ponto negativo.

O roteiro trabalha em cima de um relacionamento abusivo, a faz um paralelo incrível com o ferimento no joelho da personagem principal: a recuperação, as recaídas, a dor, as recompensas e a superação.

Além disso acompanhamos essa relação do ponto de vista das emoções de Tony, a forma como se apaixonou e se deixou iludir, como acredita nele e depois se decepciona, como passa a ser vista como a louca da história; passamos a criar um afeto por Georgio mesmo já conhecendo seu caráter, torcendo para Meu Reique ele mude mesmo, lá no fundo, sabendo que é impossível.

Ainda em Tony, temos uma personagem que te faz sentir raiva dela por sua cegueira amorosa, querer chacoalhá-la para ver se volta para a realidade e ao mesmo tempo desejar protegê-la de tudo.

Acredito que conseguiram construir da forma mais real e crua possível um relacionamento abusivo e como ele é um círculo vicioso perigosíssimo.

Esse casal de peso é interpretado por Emmanuelle Bercot e Vincent Cassel. A atriz eu ainda não conhecia, mas achei o trabalho que fez bem consistente e convincente, ela tem um quê de Cate Blanchett. Quanto ao ator, acredito ser uma de suas melhores atuações, e olha que o cara é bom; apaixonante, dissimulado e canalha no ponto certo.

A fotografia traz uma suavidade romântica e triste ao mesmo tempo, o que condiz muito com o tema. Quanto a trilha acho que não preciso me repetir, é fantástica.

Talvez passe em poucos cinemas no país, vale sair à caça para assistir.

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Fotógrafa, publicitária, traça de livros e apaixonada por cinema.

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