A MúmiaMúmia cartaz

SINOPSE
A Princesa Ahmanet (Sofia Boutella) é a filha do faraó que tem o trono prometido. Nasce um filho dele e esse trato é desfeito. Revoltada, ela faz um pacto com o Deus do Mal, Set, para saciar seu desejo de vingança e poder e mata seu pai. Sua trama é descoberta, é mumificada viva e presa num sarcófago. Fica sepultada por 2.000 anos. Na atualidade aparece Nick (Tom Cruise), um militar e saqueador de antiguidades que acaba por libertá-la. Ela predestina Nick como seu escolhido e a aventura começa.

“Descubra um novo mundo de deuses e monstros.”

“Eu lhes apresento a Princesa Ahmanet. Ela irá reivindicar o que lhe foi negado.”

Múmia

DARK UNIVERSE
A Múmia inicia o Universo Compartilhado da Universal.

Vivemos a era das franquias, dos remakes, reboots e continuações. A Universal não quer ficar de fora desse filão de bilheterias. Ela lança o Dark Universe que pode ser traduzido como Universo Sombrio, Escuro, do Mal, Tenebroso ou Obscuro. Aproveito um desses possíveis sinônimos para Dark, obscuro, que também pode ser confuso, como análise geral do filme.

Assim como a Fox (X-Men), a Disney (Marvel) e a Warner (DC), a Universal quer ter seu Universo Compartilhado para lançar suas continuações. Já está em produção “A Noiva de Frankestein”, com Javier Bardem no papel do monstro. Depois virá “O Homem Invisível” com a atuação do Johnny Depp e “Dr. Jekyll”, estrelado por Russell Crowe. Também juntarão aos monstros desse Dark Universe: O Fantasma da Ópera, A Criatura da Lagoa Negra, Van Helsing, O Corcunda de Notre Dame, Drácula e Lobisomem.

Múmia Dark Universe

Muitos filmes estão na pauta que é a aposta das continuações da Universal para entrar nesse rentável filão cinematográfico. Em A Múmia já aparece a Prodigium, liderada pelo Dr. Jekyll. Essa agência tem conhecimento desse universo de monstros e deuses e deve estar presente em todos os outros filmes, assim como a S.H.I.EL.D., que monitora seu elenco de heróis (no caso da Universal, deuses e monstros).

ENREDO
As cenas iniciais do A Múmia dão a contextualização histórica para fundamentar a trama do filme. No Antigo Egito temos uma bela princesa, Ahmanet, que é também hábil nas lutas e inteligente. À ela é prometido o trono do pai, o Faraó de Egito. Mas, nasce um irmão e o trono tem novo herdeiro. Revoltada e com muito ódio, a Princesa mata seu pai e faz um pacto com Set, o Deus do Mal, que tem poderemos sobrenaturais. Sua trama é descoberta e o ritual para obter todos os superpoderes malignos de Set é interrompido e aí é mumificada viva e levada para bem longe, numa tumba a 1.600 Km do Egito, no Iraque.

Também do passado é resgatada a contextualização de uma adaga mística, que é necessária para consumar o pacto com Set que é encontrada pelos Cavaleiros Medievais e guardada numa cripta em Londres.

Agora estamos nos dias atuais.

Essa adaga poderosa está nos subterrâneos de Londres, descoberta numa construção de metrô. Ao mesmo tempo, estão em missão no Iraque uma dupla de militares e saqueadores de artefatos antigos composta por Nick Morton (Tom Cruise) e Chris Vail (Jake Johnson). É somada ao elenco a pesquisadora Jenny Halsey (Annabelle Wallis). Uma loira linda que tem um envolvimento com Nick numa noite e tem roubado o seu mapa da tumba de Ahmanet. Eles descobrem a tumba, que na verdade é uma prisão, com muito mercúrio para neutralizar os poderes malignos da Princesa Ahmanet. O parceiro de Nick, Vail, aparece em algumas cenas engraçadas.

Múmia Tom Cruise

Vale destacar que o protagonista Nick Morton (Tom Cruise) tem uma personalidade um pouco ambígua, hora é mocinho, hora canastrão. Ele é saqueador de antiguidades, mas capaz de dar o único paraquedas à pesquisadora Jenny. Essa dualidade de comportamento vai ser importante para compor e entender a personalidade do protagonista Nick Morton.

Sem a presença do mercúrio, a Princesa Ahmanet começa a reviver, ficando cada vez mais poderosa e Nick é o escolhido para consolidar o ritual místico e maligno interrompido há milhares de anos, que a tornaria ainda mais poderosa. O sarcófago com a Princesa Ahmanet é retirado pelo exército e levado de avião. No voo, ela manifesta seus poderes e acaba por derrubar o avião.

A partir de agora estamos em Londres, onde Nick é ressuscitado pelos poderes de Ahmanet após a queda. Em seguida, Nick é apresentado à Prodigium, a agência dos monstros dirigida pelo Dr. Jekyll (Russel Crowe). A Princesa vai ficando cada vez mais poderosa, o persegue para concluir o ritual e necessita da adaga com poderes místicos. Para ajudar nessa empreitada ela é capaz de reviver mortos que, como zumbis, saem para obedecê-la. Londres é bem castigada pelos poderes da maligna Ahmanet. Achou confuso? Muita informação, não é mesmo?

CRÍTICA
O filme se baseia nos antecessores “A Múmia”, de 1932, e os outros protagonizados por Brendan Fraser: “A Múmia”, de 1999; “A Múmia: O Retorno”, de 2001; e “A Múmia: Tumba do Imperador Dragão”, de 2008. Esse filme de 2017 não guarda relação direta com esses filmes, mas são fontes de inspiração. É um filme de ação, aventura, com pitadas de comédia e de terror. Transita por muitas alternativas e ao final não sabemos bem como ficou.

Na minha avaliação, a fato de Universal ter que introduzir o Dark Universe que aparece no filme na figura da Prodigium, agência de monstros e deuses, dirigida pelo Dr. Jekyll, trouxe uma quebra na continuidade do filme. Era necessária? Poderia ser mais dosada? Poderia aparecer mais adiante em outros filmes desse Dark Universe?

Todos os projetos cinematográficos têm estratégias que devem ser bem costuradas. Talvez a Universal decidiu por esse formato para logo contextualizar sua pretensão. Tumultuou a narrativa. Foi a escolha da Universal que prejudicou a saga da Princesa Ahmanet e do protagonista Nick Morton.

A direção do filme coube ao Alex Kurtzman (diretor de “Bem-vindo à Vida” e roteirista de “Missão Impossível 3” e “Além da Escuridão – Star Trek”). Como já trabalhou com Tom Cruise em “Missão Impossível 3”, acho que ficou fácil para ele se enveredar pelas cenas de ação que A Múmia apresenta para a atuação do Tom Cruise.

Talvez a maior culpa pela falta de liga do filme seja dos roteiristas David Koepp (“Missão Impossível”), Christopher McQuarrie (“Missão Impossível: Nação Secreta”, “No Limite do Amanhã” e “Jack Reacher”) e Dylan Kussman. Como você pôde constatar os roteiristas Koepp e McQuarrie são velhos parceiros de Tom Cruise. O fato do roteiro ter ficado picotado, talvez, seja uma imposição da própria Universal.

A atuação do Tom Cruise é fraca. Na pele do personagem Nick Morton ele corre, pula, salta e se vê naquelas cenas de perder o fôlego só de ver e isso sem dublê. É o protagonista, mas não vai levar méritos por essa atuação.

Coube uma atuação melhor para a argelina Sofia Boutella (“Star Trek: Sem Fronteiras” e “Kingsman: Serviço Secreto”). Está como antagonista do filme e dá o toque do mal nas cenas em que ela aparece. Sua maquiagem está muito bem concebida, com destaque para as tatuagens e as unhas, que dão a caracterização necessária na construção da personagem. Uma curiosidade é que ela esta também muito maquiada em “Star Trek: Sem Fronteiras” na personagem Jaylah.

A entrada em cena do Russel Crowe tem destaque nas narrativas que ele faz sobre a agência Prodigium e seus propósitos de defender a terra dos monstros e deuses. A cena em que ele se transforma em monstro, porque ele é médico e monstro, foi fraca. Espero que, no seu filme principal do “Dr. Jekyll”, seja melhorado. Sua atuação fez esquecer que um dia foi o icônico “Gladiador”, de 2000.

Assisti o filme na sala IMAX 3D do Shopping Bourbon. O 3D já dá uma certa escuridão aos filmes e, no caso de A Múmia, essa escuridão ainda é mais presente prejudicando alguns detalhes importantes da maquiagem do elenco no filme.

Os efeitos especiais são determinantes para compor essa produção, mas não observei nada de diferenciado. Destaque especial para a cena do avião em queda com o efeito de gravidade zero. Muita ação e tensão. Sobre o som do filme, constatei muitos barulhos por nada e senti falta de uma trilha sonora marcante para conduzir melhor a ambientação, o clima do filme.

O filme foi rodado em Oxford e no Condado de Surrey (Reino Unido) e na Namíbia (África). Tem belas imagens de desertos e a Londres é bem retratada, mas com foco em seus becos e subterrâneos.

Outra questão, que podemos abordar, é o efeito whitewashing, embranquecimento, presente em “Cleópatra”, de 1963. No cast de A Múmia, todos os atores são brancos. África e negros, foram ignorados no contexto étnicos e históricos do filme.

Concluindo, o filme pode ser visto, mas não com grandes expectativas. A narrativa ficou recheada de muitas informações para lançar o Dark Universe da Universal.

Faltou foco, numa linha mais direta e compreensível, no enredo principal. O fato de não ter começado bem, caótico, pode ser um indicativo de que tem muito a ser melhorado. Minha expectativa é que, nos outros filmes que virão, desse Universo Compartilhado e sombrio da Universal, as narrativas fiquem mais bem amarradas e bem concebidas.

A Múmia conta com um elenco de grandes astros que não mostraram suas melhores performances. Tem ação, aventura, pitadas de comédia e terror, além dos efeitos especiais dignos de uma é uma superprodução. Confira nos cinemas.

Author

Administrador de Empresas e Advogado; MBA: Marketing, RH e Comunicação; Professor: Oratória, Marketing de Relacionamento e Excelência no Atendimento em Call Center; Cinéfilo, amante das artes e adora novas culturas.

Comments are closed.