O veterano cineasta norte-americano Garry Marshall se notabilizou em Hollywood graças às suas produções quase sempre protagonizadas por grandes estrelas e pelo tom “açucarado” de suas tramas. Após uma longeva carreira na Televisão, AmorMarshall viria a conquistar fama internacional com o estrondoso sucesso de seu Uma Linda Mulher, em 1991, que também foi responsável por elevar Julia Roberts ao estrelato e marcar o início de uma parceria que continua até hoje, com este O Maior Amor do Mundo (Mother’s Day).

Escrito a 16 mãos, o roteiro usa o dia das mães como fio condutor de suas quatro histórias, cada uma delas estrelada por uma estrela. Na de Jennifer Aniston (recém-esnobada pelo Oscar, por Cake), uma mãe tem de lidar com os desafios impostos pela guarda compartilhada com seu ex-marido (Timothy Olyphant, da série Justified), que acaba de se casar uma mulher 20 anos mais jovem. Já a personagem de Kate Hudson precisa contar com a ajuda de sua irmã para lidar com o preconceito dos pais com seu marido indiano. Enquanto Jason Sudeikis (interpreta um viúvo que tem muitas dificuldades em ajudar suas filhas adolescentes a superarem a perda da mãe. E, por fim, para evitar spoilers, Julia Roberts é uma celebridade da TV que privilegiou a carreira ao invés de ser mãe.

Depois de passar 5 anos afastado do Cinema (voltou para a TV), Garry Marshall continua sua obsessão com datas comemorativas, insistindo numa idéia que já havia sido mal aproveitada nos fracos Idas e Vindas do Amor, e Noite de Ano Novo. Aqui, Marshall mostra que apesar de toda a experiência acumulada ao longo de uma carreira com mais baixos do que altos, continua com muitas limitações, o que fica claro quando notamos sua insistência em mostrar a reação de animais a situações supostamente engraçadas. Outro sinal claro é quando, durante uma gag, o cineasta deixa de focar a reação de um grupo de pessoas a um acidente doméstico, para privilegiar uma criança executando aleatórios passos de dança.

AmorO roteiro também não ajuda, e, com isso, somos bombardeados por diálogos artificiais e situações que, apesar de não constrangerem, não chegam a provocar gargalhadas, resultando num filme que várias vezes apenas arrancará sorrisos tímidos do público.

Já o elenco consegue se virar bem, em meio a tantos problemas. Quem melhor do que Jennifer Aniston para fazer um papel típico de Jennifer Aniston, por exemplo? Kate Hudson é outra que não sai de sua zona de conforto, ao passo que Jason Sudeikis é o único que tem chance de explorar seu timing cômico, apesar do pouco tempo de tela. E, por fim, há Julia Roberts. Reeditando uma parceria que só foi capaz de render um único bom fruto, Roberts tenta nos mostrar que sua Miranda é mais do que um estereótipo ambulante, sendo inteligente ao evitar a antipatia na hora de compor uma personagem que facilmente ganharia uma personalidade arrogante nas mãos de alguém com menos talento.

Com isso, apesar de se encontrar numa posição em que a arrogância é apenas um clichê, Miranda é franca, educada e, principalmente, simpática. Do elenco secundário vale destacar a presença da excelente Britt Robertson (do ótimo Tomorrowland) e de velhos conhecidos da filmografia do diretor, como seu colaborador recorrente Hector Helizondo, e Larry Miller que surge divertido no terceiro ato.

Apesar de tantas falhas de direção e roteiro, O Maior Amor do Mundo é simpático, leve, e com muita boa vontade. Não é um filme à altura de uma boa mãe, mas ela não deve se ofender caso seja convidada para assistí-lo.

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Crítico de Cinema e Carioca. Apaixonado pela Sétima Arte, mas também aprecia uma boa música, faz maratona de séries, devora livros, e acompanha futebol. Meryl Streep e Arroz são paixões à parte...

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