Quando estreou há cinco anos, Prometheus era um filme que marcava o retorno da série Alien juntamente com seu criador, Alien covenant cartazo cineasta britânico Ridley Scott. Só que a euforia inicial dos fãs foi substituída pela decepção, graças aos inúmeros problemas que o roteiro da produção apresentava.

A verdade é que o filme acabou sendo engolido pelas próprias ambições, já que não foi capaz de oferecer respostas para seus complexos questionamentos e, quando tentou fazê-lo, limitou-se a flertar com a religião ao investir em simbolismos óbvios que afastavam a natureza científica do projeto (o que me levou inclusive a apelidar a produção de “Ficção Religiosa”).

O resultado foi uma experiência insatisfatória, mas que (com o perdão do trocadilho) prometia respostas numa vindoura continuação.

Entretanto, com este Alien: Covenant, Ridley Scott resolve simplesmente ignorar os ambiciosos temas do filme anterior, concentrando-se apenas em suas tentativas de reproduzir o sucesso do primeiro filme. E a frustração é ainda maior ao constatar que as tais “tentativas” só deixam claro a natureza caça-níquéis do projeto.

Escrito por John Logan (dos dois últimos 007) e Dante Harper (em seu primeiro trabalho), o roteiro situa o filme 10 anos após os acontecimentos de Prometheus e acompanha uma nave chamada Covenant em sua missão de colonizar um planeta aparentemente inexplorado. Acompanhados de mais de 2 mil colonizadores, os tripulantes acabam tendo de lidar com um incidente que os leva até outro planeta habitável, mas que estranhamente não constava nos registros. O resto você já sabe.

Aliás, você já sabe de tudo, pois basta ler o parágrafo acima para perceber as inúmeras semelhanças com os filmes anteriores. Não que isso seja um problema grave, pois mesmo com uma trama tão batida e sem inspiração, Alien: Covenant realmente tem bons momentos quando entrega-se ao espetáculo, num verdadeiro banho de sangue promovido pelo Xenomorfo.

Infelizmente, esses momentos demoram a aparecer e não são frequentes, o que nos obriga a aturar personagens unidimensionais e sem o menor resquício de carisma, já que alguém da produção foi capaz de acreditar que bastava escalar atores competentes como Billy Crudup e Danny McBride para que o espectador criasse uma conexão súbita com seus quase-personagens.

Alien covenant

A grande sorte de Covenant é ter o sempre fascinante Michael Fassbender, que já havia se destacado em Prometheus, mas que aqui se sai ainda melhor, retornando ao enigmático androide David e também interpretando Walter, sua versão atualizada. O ator domina o filme desde sua primeira cena, impressionando em sua caracterização complexa e cheia de nuances.

Tecnicamente, porém, o filme se revela o mais desinteressante da série, já que sua fotografia (que investe numa paleta de cores sem vida) ecoa em quase todos seus outros aspectos, como na direção de arte sem personalidade (repare nos imensos cenários e na ambientação convencional do refúgio de David) Alien covenante na fraca trilha sonora composta por Jed Kurzel (tão competente em Macbeth), que fica muito aquém dos belos temas compostos por Marc Streitenfeld em Prometheus e que aqui retornam numa rápida cena com Michael Fassbender.

Já os efeitos especiais, se não impressionam, ao menos cumprem a tarefa de servirem a um longa-metragem que depende demais da computação gráfica para funcionar, uma pena se lembrarmos dos êxitos do primeiro filme. Em Covenant é difícil encontrar uma cena que não tenha a presença de tela verde.

Finalmente, o roteiro, em seu objetivo de concentrar-se na pirotecnia, acaba diminuindo o potencial narrativo do longa, deixando no ar algumas boas questões que jamais são desenvolvidas, como o interessante conflito que surge da questão “Servir no Céu ou reinar no Inferno?”.

E por falar nisso, a insistência da série em alegorias bíblicas chega ao ápice numa cena que remete às Pragas do Egito.

Avançando pouco na mitologia da série, Alien: Covenant é um filme que limita-se a entreter os espectadores ávidos por arrepios espaciais, mas que deixa um pouco de lado aqueles que seguem esperando por um exemplar à altura dos dois primeiros filmes.

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Crítico de Cinema e Carioca. Apaixonado pela Sétima Arte, mas também aprecia uma boa música, faz maratona de séries, devora livros, e acompanha futebol. Meryl Streep e Arroz são paixões à parte...

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