Estreia a tão esperada ficção científica de 2017, inspirada no mangá de 1989 (Masamune Shirow) e no anime de 1995 (Mamoru Oshii), A Vigilante do Amanhã – Ghost in the Shell.

O que você verá?

Um início de tirar o fôlego, muitos efeitos especiais, ação, coreografias acrobáticas nas lutas, câmera lenta para ressaltar os movimentos das lutas e tiroteios, um enredo coerente com a fonte inspiradora, cenários futuristas com hologramas enormes e muito, muito colorido. Conta  ainda com uma atuação competente da protagonista Scarlett Johansson (“Encontros e Desencontros”, “Match Point”, “Ela”, “Vicky Cristina Barcelona”, “Os Vingadores”, “Capitão América”, “Lucy” e muito mais).

Ela dá a carga dramática necessária ao enredo. Tudo isso num contexto futurista, em estilo cyberpunk, que questiona a identidade do ser humano, como ela é concebida, e também questões relacionadas à realidade versus mundo virtual. Tema presente hoje cada vez mais nessa nossa coexistência com o mundo das redes sociais.

[box type=”info” align=”aligncenter” class=”” width=””]Enredo:

No futuro, em 2029, uma agente que tem poucas lembranças de seu passado, Major Mira Killian, Scarlett Johansson, é informada que foi violentamente ferida num ataque terrorista. Seu corpo sofre PT (Perda Total), apenas seu cérebro poderia ser aproveitado. A corporação Hanka, especializada em próteses e implantes robóticos, lhe dá um corpo inteiro, transformando-a num ciborgue com mente humana e o restante artificial. Assim ela é salva, ganha um novo corpo com habilidades potencializadas e passa a trabalhar no Setor 9, um organização do governo de combate crimes digitais (hackers).[/box]

Mas… essa trama vai sendo melhor esclarecida e alterada durante o filme e a personagem principal se envereda pela busca de sua verdadeira identidade, numa trilha de autodescoberta.

No Setor 9, para combater o cyberterrorismo, a Vigilante do Amanhã conta com o companheiro Batou (Pilou Asbæk, de “Game of Thrones”) que recebe umas bizarras próteses de olhos e o chefe Aramaki (Takeshi Kitano, o andarilho cego de “Zatoichi”) que tem presença marcante pela atuação e pelo penteado quadrado. Ambos estão muito bem em seus papéis, um dinamarquês e o outro japonês.

Vigilante do Amanhã

Para compor o elenco também devemos citar a cientista da Hanka, que dá uma nova vida à protagonista, Dra. Ouelet (Juliette Binoche, francesa) que dá um leveza e credibilidade ao seu personagem e que dispensa comentários sobre sua carreira de atriz (“Os Amantes da Ponte Nova”, “A Liberdade é Azul”, “O Paciente Inglês”, “Chocolate”, Cópia Certificada”).

Ah! Temos que falar do vilão que é encarnado — não totalmente encarnado, porque boa parte dele também é ciborgue — pelo ator Michael Pitt (“Os Sonhadores”), que não é irmão do Brad Pitt. É o vilão Kuze, um cybercriminoso que declara guerra à corporação Hanka e traz informações inquietantes que mexem com a cabeça da Major Mira e lança mais dúvidas na existência fragmentada da protagonista, quando diz: “Não salvaram sua vida. Eles a roubaram.”

Quem for ver o filme achando, que encontrará o mangá de 1989 ou o anime de 1995 ficará frustrado.

Neles encontramos muito mais conteúdo para reflexões. Essas são as fontes inspiradoras. “Quem conta um conto, aumenta um ponto.”

A trama traz uma nova história e é tão boa quanto dos originais. Numa explícita homenagem, ao final do filme, quanto da apresentação dos créditos, podemos ouvir a música do original japonês.

Vale ressaltar que esses originais influenciaram muitos filmes do gênero como a trilogia Matrix (1999).

Esse assunto já foi tratado na outra matéria da Central 42 “Ghost In The Shell – Animação que influenciou Matrix está de volta remasterizada”. Além dessas citadas influências também podemos constatar que “A Vigilante do Amanhã” tem cenários que lembram muito a Los Angeles futurista de Blade Runner (1982) com seus outdoors, mas agora com mais realismo, utilizando hologramas gigantescos. Outra comparação que podemos fazer é com a icônica animação japonesa Akira (1988) de Katsuhiro Otomo.

Vigilante do Amanhã

Uma questão que foi muito discutida pelos amantes do “Conceito Ghost In The Shell” foi a ocidentalização ou embranquecimento (whitewashing) da obra original japonesa. Nesse ponto, acha isso completamente irrelevante e diria até que essa nova releitura é mais pertinente para um mundo futurista globalizado. Quanto mais no futuro, maior será a diversidade étnica nas grandes metrópoles. Londres tem hoje 3 estrangeiros para cada 10 habitantes nascidos na cidade, mais precisamente, 37% não são londrinos.

Sempre teremos comparações positivas e negativas quando temos um remake, ainda mais quando uma superprodução de milhões de dólares hollywoodizou um original japonês.

O que importa é a qualidade do novo produzido.

No caso de “A Vigilante do Amanhã – Ghost In The Shell” temos um excelente trabalho. Com a direção do filme por conta do Rupert Sanders (“Branca e Neve e o Caçador”) contaremos com as novas tecnologias de filmagens e os novos efeitos que dão ainda mais beleza e realismo ao trabalho produzido.

Assisti o filme na sala Imax 3D do JK Iguatemi, convidado pela Paramount Pictures. Essa sala contribui ainda mais para valorizar as qualidades técnicas do filme.

Estamos diante de uma potencial franquia. Muitos filmes poderão dar continuidade à saga de autoconhecimento e as aventuras de “A Vigilante do Amanhã”.

Para os amantes de filmes de ação e ficção científica recomendo já reservarem seu ingressos e boa diversão.

Author

Administrador de Empresas e Advogado; MBA: Marketing, RH e Comunicação; Professor: Oratória, Marketing de Relacionamento e Excelência no Atendimento em Call Center; Cinéfilo, amante das artes e adora novas culturas.

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