O Vira Lata nasceu como uma edição para as bancas da Revista Animal e foi parar no presídio do Carandiru pelas mãos do médico e escritor Drauzio Varella. As revistas foram um sucesso absoluto e suas sete edições publicadas em 1993 e 2000 com tiragem de 10 mil exemplares cada, foram distribuídas gratuitamente no presídio, com o patrocínio da UNIP – Universidade Paulista. Hoje, os gibis são objetos de estudos e peças de colecionador.

O novo lançamento da Editora Peixe Grande traz um volume inédito reunindo, pela primeira vez, todas as histórias do Vira Lata, que por abordar assuntos considerados tabu para a época: sexo e drogas o personagem ganhou repercussão entre os detentos da antiga e demolida penitenciária que marcou história em São Paulo.

Com 440 páginas, o livro reúne a graphic novel que deu origem à série (publicada no oitavo e último número da revista Grandes Aventuras Animal) mais as 7 edições que foram produzidas para os detentos e a história inédita “Na Amazônia”, também realizada especialmente para o Carandiru, e que não chegou a ser impressa. A obra também traz um encarte com 16 páginas (vira-lata news) contando a história da publicação.

Criada por Paulo Garfunkel e desenhada por Libero Malavoglia. O Vira Lata é um samurai urbano, mestre em artes marciais e praticante do candomblé que circula na marginália paulistana. É um homem do povo, símbolo da miscigenação, criado nas ruas, que traz a sexualidade à flor da pele e é um verdadeiro cão com alma de gato.

Sua linguagem direta e objetiva chamou a atenção do Dr. Drauzio Varella, que desenvolvia um trabalho de prevenção à AIDS e, após um encontro com o autor, recebeu adaptações assimilando os códigos ético, estético e moral dos detentos e num contexto de erotismo e ação, a mensagem profilática foi passada de maneira prática e eficaz, introduzindo assim, O Vira Lata na Casa de Detenção.

Graficamente o livro apresenta, em sequências cinematográficas, cenas declaradamente destiladas das obras de Hugo Pratt, Milo Manara, Guido Crepax, Frank Miller, Moebius, Serpieri e do clássico mangá Lobo Solitário, de Kazuo Koike e Goseki Kojima.

[nggallery id=68]

Com seu desenho preciso – que vai evoluindo e se aprimorando no decorrer dos 9 episódios – Libero Malavoglia apresenta, num traço sofisticado, cenas vigorosas, imaginativas e extremamente eróticas. Raramente no universo dos contundentes e estimulantes quadrinhos de sexo, produzidos no Brasil se atingiu o nível de torridez e clareza das cenas explícitas dos gibis.

Indicado para maiores de 18 anos, O Vira Lata é, acima de tudo, uma obra de aventuras com roteiros fortes, ambientados no suspeito universo marginal e que devido à sua qualidade, acabou se tornando um exemplo bem sucedido da aplicação de história em quadrinhos como material didático de fácil assimilação, até mesmo para uma população pouco habituada a leitura.

Disponível a partir de 1º de Setembro nas livrarias.

 

Lista de Posts recentes:
[PTP]posts[/PTP]
 

Comments are closed.